Esta fajã é umas das mais emblemáticas da costa Sul de São Jorge.
Pessoalmente tenho uma estima particular por este lugar, foi a porta de entrada nesta minha experiência em S. Jorge. Não posso dizer que é o meu local exclusivo de trabalho (mais à frente já se percebe porquê) mas é aqui o ponto de partida e de "chegada" do projecto onde estou inserido.
A fajã é habitada todo o ano. Algumas famílias fazem deste sítio, o seu sítio para viver.
As suas terras são férteis. Dotadas de um microclima típico de fajã, garante o sustento das necessidades familiares.
Quando comecei a frequentar este lugar muita gente mencionava que ali se produzia café, eu estranhei: café? Mas será mesmo aquele café que eu estou habituado a beber?! (...)É um longo trabalho para conseguir o aspecto que todos conhecemos mas, sim, é o café que todos conhecemos. É esse café mas melhor, tem uma textura suave, adocicada. É realmente delicioso.
Aqui todos têm as suas terras, sejam elas mais próximas do mar ou dispostas ao longo da encosta mas em todas se produz batatas, milho, produtos hortícolas, vinha, as bananas e os inhames (especialmente em terrenos próximos da ribeira).
Pelas suas potencialidades agrícolas a fajã de São João é procurada por pessoas que habitualmente residem noutros locais (São Tomé e Santo Antão são disso exemplo e por isso a fajã não é o meu local exclusivo de trabalho). A esta tradição as pessoas designam como as mudas. Assume os contornos de ritual. Todos os anos no final de Janeiro, as pessoas rumam para a sua casa na fajã e por lá ficam até últimos dias de Março. Durante todo este tempo preparam e cultivam as suas terras, alimentam os animais e evitam os rigores do inverno fora da fajã.
No passado famílias inteiras deslocavam-se em carroças puxadas por uma junta de bois, levando galinhas, loiças, as roupas e as alfaias agrícolas. Levavam tudo o que precisavam e evitavam as deslocações ao exterior durante o tempo das mudas. Actualmente esse cenário tem vindo a alterar-se, sobretudo, devido ao desenvolvimento dos transportes. Porém muitas famílias ainda mantêm a tradição e sente-se o bulício por toda a fajã.
Para além destes aspectos, a fajã de São João, conta com um vasto conjunto de património material e imaterial. As casas mantêm a arquitectura tradicional, a ermida dedicada a São João, os lagares nas lojas, os alambiques tradicionais, a paisagem, a história e as suas gentes, convidam a uma visita demorada. Eis alguns aspectos que sugerem uma experiência enriquecedora.
Fotografias
Ribeira de São Tomé - S. Jorge
fotos da minha viagem de barco
Na Vila do Topo - São Jorge, Açores