Olá amigos,
Confesso que começava já a sentir saudades de comunicar.
Andei debruçado em leituras e entrevistas para o meu trabalho de etnobotânica mas nem tudo é trabalho! Aliás, pelo prazer que sinto no contacto com as pessoas e a forma espectacular como tenho sido recebido, ponho em dúvida se realmente é trabalho. Quanto muito será uma tarefa que me dá bastante prazer.
Nos últimos fins-de-semana tenho aproveitado também para conhecer outras fajãs, locais lindos e cheios de estórias para contar. Penso até que o meu fascínio por descobrir novas fajãs se deve às estórias que as pessoas me vão contando. A última que visitei foi a fajã de Entre-Ribeiras e no fim-de-semana anterior a Fajã do Norte das Fajãs. As duas encontram-se na encosta Norte de S. Jorge (com vista privilegiada para as ilhas Graciosa e Terceira) e representavam o sustento de muitas famílias do Topo e Santo Antão até ao sismo de 1980.
Actualmente estão abandonadas mas são tantas as descrições e as memórias que as pessoas me contam que ao chegar e ver as ruínas das casas, os caminhos e as pedras que ladeiam as parcelas de terreno (dispostas em socalcos ou em “combradas” como aqui são designadas) é inevitável tentar imaginar como seria a vida naqueles lugares.
A paisagem deixa transparecer o esforço do trabalho e reforça o próprio isolamento. Mas dá vontade de entrar, de conhecer e quando já cansado olho em redor, respiro fundo como que numa tentativa de absorver ainda mais daquele sítio e esgotar os sentidos, aí sento-me numa pedra e relaxo. Não há trabalho nem problemas que resistam a esta experiência!
Se porventura ficarem curiosos (o que sinceramente espero que aconteça), venham a S. Jorge que arranjam-se sítios para dormir. Eu tenho apenas um quarto mas como dizem por aqui “todo o que for chão faz-se quarto de dormir”.
Fotografias
Ribeira de São Tomé - S. Jorge
fotos da minha viagem de barco
Na Vila do Topo - São Jorge, Açores